E lá estava eu sendo ajudada pelo moreno de cabelos enrolados, alguém tão desastrada assim deveria ter no mínimo um seguro de vida melhor. Disse um "obrigado" entre os dentes que soou mais como um rosnado.
- De nada.
Senti meu rosto incendiar, puta que pariu! O que é essa voz?. Tentei me recompor, e olhei para minha calça jeans com desânimo, no mínimo pensariam que não consegui segurar a urina, ri internamente do quanto parecia patética.
- Você está bem moça? Não se machucou?
Ruborizei novamente, esse cara é de outro planeta só pode.
- Hum... é, estou bem sim apesar da calça encharcada e da vergonha.
- Se eu fosse contar quantas vezes caí em bares você ficaria chocada.
Sua tentativa de me deixar menos culpada funcionou por 10 segundos até conseguir me olhar no espelho logo atrás do balcão. Meu Deus, eu apenas caí ou fui pisoteada por uma multidão? Meu cabelo parecia um ninho de passarinho mal feito, onde alguns fios se acumulavam perto dos olhos, estava assustadora. Rapidamente tentei arrumar e senti um toque no braço.
- Você ainda está sexy, oh desculpe, esqueci de me apresentar, sou Felipe e você?
Mordi os lábios e sorri agradecendo sua cortesia.
- Me chamo Ana.
- Lindo nome, uma mulher linda não merecia menos.
Soltando um leve sorriso de canto pegou em uma das minhas mãos e me conduziu até sua mesa.
- Essa é a Ana pessoal, sejam educados e cumprimentem.
Ouvi um "Olá Ana" coletivo acompanhado de "Você está com alguma amiga?". Merda havia me esquecido da Sandra. Tão logo quanto lembrei ela me viu na mesa dos "caras" e questionou, fiz um sinal para que se juntasse a nós.
Entre risos e piadas Felipe cochichava comigo o quão verdadeiras eram as histórias contadas na mesa. Sandra arrumava uma desculpa para falar de seus desamores, mas era sempre interrompida com um "quem perdeu foi ele", que alimentava seu ego já naturalmente inflado.
Perto das onze horas da noite Felipe sorriu de canto e levemente tocou minha nuca sussurrando algo inaudível para os demais.
- Vamos sair daqui?
Sem pensar fiz que sim com a cabeça e sua mão tocou minhas costas.
- Por aqui.
Andamos por algum tempo, mantendo sempre a conversa, já sabia o suficiente sobre ele e era recíproco. Questionava internamente os porquês de um cara bonito, inteligente e com um bom emprego estar solteiro, deve ser por opção.
Atravessamos o sinaleiro e fui surpreendida com um beijo doce, o chão sumiu.
Continua...